Um brinde ao fracasso que é nosso maior sucesso: o lançamento de Sombrio da Silva com seu segundo disco solo
Artista de Brasília dispara experimentos musicais na criação de Músicas Para Ouvir Chorando Enquanto Escorrega de Costas na Parede

Persevera um estado de penumbra em tudo aquilo que é sombrio - a ideia, a palavra, uma pessoa, um gesto. Em opaca escuridão, a margem definida não existe. Ela se mistura e se perde nas possibilidades e incertezas do breu. O que está nas sombras tudo pode. A performance de pouca luz, no final das contas, revela mais que a cena em brilho pleno. Sombrio da Silva é a debochada risada vinda da névoa que encaramos.

Em 2021, Sombrio lança seu segundo trabalho solo com o álbum Músicas Para Ouvir Chorando Enquanto Escorrega de Costas na Porta, uma narrativa de provocante aura que nasce num cenário que beira o apocalíptico. O desenho sonoro de Sombrio brinda com o bossacore, o noise e o hyperpop, bebendo da fonte de referências como Dorian Electra, Damião Experiença, Arca e Petr Válek.

Músicas Para Ouvir Chorando Enquanto Escorrega de Costas na Porta, MPOCEEdCnP para os íntimos, surgiu enquanto ideia em 2020 em pleno furor de quarentena. O isolamento social reverberou um processo de criação que conversa sobre a vitória e a decepção do erro, do desacerto.

A temática do disco surge como um monumento à glória inenarrável do fracasso. A assinatura performática do artista se insere em cada escolha, como o majoritário protagonismo instrumental em detrimento da voz. O desarranjo da melancolia noise em faixas como “2020 vai ser um ano maneiro” e “Meditação nº7” são parte do convite honesto de se estar presente num emaranhado de imprevisibilidades.

O contraste do álbum enriquece o passo de quem percorre suas intersecções, colocando o ouvinte na posição de quem não sabe o que está por vir. O experimento cênico-sonoro da faixa “Essa noite eu sonhei que era o Chaves no episódio do ladrãozinho” não prepara para a intimidade corroída de “Aquela música que eu fiz em 2012 no seu quarto com o seu violão velho enquanto você estudava”. Com MPOCEEdCnP, Sombrio oferece uma história em transe, explorando o melhor que o noise tem a oferecer. Num tempo como o presente, como não perceber o ruído do estado de transe que nos habita? O álbum de Sombrio da Silva dança com a melancolia ao vivo e em público, sem ensaios prévios.

A produção do disco foi feita em casa entre abril de 2020 e fevereiro de 2021. Como ditam as regras de segurança sanitária da quarentena, a maior parte foi realizada pelo próprio Sombrio. Thiago DeLimaCruz participou de duas sessões para gravar voz, sopros e percussões; além da gravação de Mar Nóbrega e Tom Suassuna de suas respectivas casas.

Thiago DeLimaCruz criou e executou a percussão da faixa 5, assim como a letra de “Só restou depois”. Mar Nóbrega ainda tocou violoncelo na mesma música, e Tom Suassuna também entrou com violino e rabeca para a faixa. Suassuna, segundo Sombrio, também recebe os créditos pela alcunha do nome do álbum. Num momento espontâneo sem intenção de fazê-lo, sugeriu e a obra acabou encontrando seu título.

Sombrio cuidou de toda a produção, assim como a mixagem (com exceção de uma faixa, que trabalhou junto com Ramiro Galas). Quem cuidou da masterização foi Jota Dale e a assinatura da arte de capa é de Capreta.

Sombrio da Silva (Brasília - DF) botou o pé na música aos 11 anos quando começou a aprender clarinete na banda do colégio militar. Já fez trilhas de peças e alguns filmes underground, mas há um bom tempo seu trabalho tem integrado algumas bandas e projetos como Puta Romântica, Satanique Samba Trio, Cigarras, Kervansarai, Joe Silhueta e a Orquestra Quimera.

Você pode encontrar mais sobre Sombrio da Silva nas principais plataformas:

Instagram: www.instagram.com/sombrio.da.silva/

Spotify: open.spotify.com/artist/1CywXMcWFsNlJpdUZeLdAI

Youtube: www.youtube.com/channel/UC07u_Np_ZZhLFd5GnQN8Dzw/videos

Bandcamp: sombriodasilva.bandcamp.com